Eu fui ao Café pela primeira vez em setembro de 2015. Me senti muito acolhida e gostei muito do modelo democrático do Café. Todas tinham a chance de falar, todas opiniões eram válidas, não me senti julgada e me senti importante. O meu marido estava viajando muito na época e não pude ir ao café de outubro e nem no Café de novembro. Quando eu voltei pro Café de dezembro, eu estava carregada, cansada, com problemas no meu casamento, sem emprego e sem perspectiva… Estava perdendo a fé no Vale, não tinha uma amiga com quem contar, estava me sentindo um lixo, mas fui ao Café e sentei do lado de uma menina que percebeu a minha angústia e me deu um abraço enorme. Eu saí de lá com ânimo, com esperança e me senti amparada, enturmada. Quem já mora no Vale há muitos anos talvez não perceba o quanto o Vale é um lugar solitário, competitivo, desalmado e individualista. Eu preciso muito de calor humano para ser inteira. Gosto de ficar sozinha, mas sinto uma grande falta de amizades feminas. Eu não tinha encontrado nada além de mera superficialidade até então. A partir de janeiro de 2016, eu passei a participar de todos os encontros. Não perdia um! Eu tive o meu momento “AHA” em abril quando a Adriana apareceu na minha casa para comemorar o meu aniversário com o seu marido húngaro (o meu marido também é húngaro, diga-se de passagem).
Entre janeiro e abril 2016 eu simplesmente sentei-me em todos os Cafés. Eu me inspirei e me motivei com todos os encontros. A mesma menina que tinha me abraçado em dezembro de 2015, continuou a perguntar por mim, a me convidar para dançar salsa, a me aconselhar profissionalmente e me fazer sentir valorizada. Ela nem sabe disso!
Eu mal podia esperar pelo proximo Café e tinha uma tonelada de idéias para ajudar pessoas como eu. Eu arrumei um emprego na área de recrutamento em abril de 2016 e sugeri para a Adriana fazer um Café para ajudar as mulheres a reingressarem no mercado de trabalho. A Adriana comprou a idéia. Ela me apoiou, me deu todo o suporte e me deu o crédito também. Ela não só me ajudou, como também se desdobrou para fazer os Cafés Avantes comigo lá em casa, em Millbrae. Foi um successo! Eu fiquei muito feliz com o resultado e dai passei a levar a sério o meu projeto de ajuda para reinserção no mercado de trabalho.
Pouco tempo depois, em agosto, montei minha empresa com a minha parceira Joana e fizemos o nosso evento de lançamento no Café Conquistas, no qual contei de novo com o abono de Adriana.
Eu me mudei pra Suiça 3 dias depois do Café Conquistas… e levei comigo a força, a determinação e a minha pequena empresa que nasceu no Café. Eu nunca pensei que abriria uma empresa e agora estou cada dia mais comprometida com a minha missão. Eu entrei no Café procurando uma amiga e sai com uma penca de amigas, uma parceira de negócios, uma empresa e um motivo pra voltar pro Vale!
Gratidão imensa!
Rebeca Gelencser